Fazenda Contemporânea
Em Pará de Minas, interior de Minas Gerais, o sonho do proprietário era construir uma casa de fazenda do século 18, projeto encomendado à arquiteta ÂNGELA ROLDÃO que superou expectativas alinhando ares modernos e funcionais sem perder a atmosfera rural mineira de outrora.
Em uma dessas conjunções astrais em que tudo se materializa para que um sonho seja realizado, todo o madeirame - assoalho, portas (com fechaduras e ferragens) e janelas - foi descoberto e adquirido de duas casas de fazenda demolidas, datadas de 1815, o que deu o ar de autenticidade ao projeto.
Entre os materiais que dialogam com a herança centenária da estrutura, estão o tecnocimento, os ladrilhos hidráulicos e as pedras mineiras, pedra sabão e quartzito de Ouro Preto, que ajudam a resgatar história e tradição.
O quartzito de Ouro Preto, pedra de coloração rosa típica de MG, foi usado abundantemente nas áreas externas e internas. Seu ápice, no entanto, é no lavabo onde ganhou cortes manuais e blocos de alvenaria. Aparece nesse ambiente em diversas composições de formas e acabamentos; ora filetado, ora bruto ou polido um belo mosaico digno de figurar em finas galerias.
Já a pedra sabão, que reveste o banheiro da suíte e realça a passarela de hidráulicos que invade o box, ficou conhecida mundialmente através das mãos do Mestre Aleijadinho. Essa pedra de textura aveludada, cujas maiores jazidas ficam também em Minas, é uma constante nos projetos da arquiteta que honra suas raízes conjugando tradição e modernidade.
Completando o projeto com delicadeza e precisão, os móveis e adornos respeitam a nobreza do espaço. Armários mineiros antigos, jarros e bacias de louça florida ao lado das camas de época, cadeiras de palhinha desencontradas na sala de jantar, gamelas e panelas de pedra no fogão à lenha.
No desenho moderno, obedecendo ao ritmo de janelas e portas das casas coloniais, o que a diferencia é o telhado. Contemplando tudo, lá de cima de seu pé direito alto que mantém a casa ventilada, foi projetado em duas águas numa conceituação mais moderna, concebido como estrutura autônoma e solta das alvenarias, o que determina o belo corredor central.
Fotos: Daniel Mansur
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