Com uma mistura equilibrada de peças de design brasileiro dos anos 50, como Joaquim Tenreiro e Sérgio Rodrigues, uma parte atemporal de Warren Platner e as linhas contemporâneas de Naoto Fukasawa e Antonio Citterio, a Casa de Vidro tem interior e projeto de mobiliário assinado pela Lamas Arquitetura. Foram dois anos de pesquisa sobre o tema que transformaram esse espaço numa referência na capital paulista. O projeto, arquitetura do escritório Andrade Morettin em 900 m², é inspirado nas casas modernistas, mas inova na concepção da forma e no detalhamento que lança mão da tecnologia atual para apresentar uma estrutura ainda mais leve. A escolha pela realização de uma casa suspensa remete à imponência dos palácios brasilienses e sua transparência coloca o visitante flutuando em um jardim. A delicada estrutura em colunata que circunda a casa serve como delimitação para os espaços de circulação e fortalece a distribuição das vivências ao longo de seu eixo central. A definição de dois salões pela inserção de uma cortina sugere uma separação clara entre funções, jantar e estar.

ESPAÇOS FLUIDOS, HARMONIA NA DISTRIBUIÇÃO

O salão destinado ao estar é formado por um único ambiente retangular, cujas extremidades comportam um grande sofá com três poltronas. A distância entre os sofás, que fornece privacidade às pessoas que se encontram em cada conjunto, é diluída pelo único tapete para todo o ambiente do estar, cuja proporção e dimensão garantem a conexão dos ambientes. Um olhar atento percebe diferenças sutis no desenho dos sofás e diferenças expressivas entre as poltronas. Entre esses dois conjuntos, a poltrona de balanço faz a ponte de maneira descontraída. A inserção da elegante mesa de Sérgio Rodrigues e cadeiras de Joaquim Tenreiro em um espaço mais reservado possibilita a apresentação de produtos e um apoio para diversos eventos. O ambiente circular entre as salas e a varanda, delimitado pela cortina, é sentido como o momento de rotação da casa e como um ponto de escolha e encontro. O salão mais reservado foi destinado ao jantar, reuniões de trabalho e eventos musicais.

A forma alongada desta sala possibilita um segundo uso mais lúdico com a disposição de um piano. Reserva-se ao redor do instrumento um espaço livre para eventuais audições com vários músicos. Esse espaço foi elegantemente preenchido com o banco Eleh de jacarandá, o banco Mocho e a poltrona Chifruda. Todos de Sérgio Rodrigues. Para o deck foi atribuído um uso mais descontraído e conectado com a natureza. Uma "casa de chá" com mesas altas e cadeiras Bertoia leves. Ao longo do banco lateral são dispostas pequenas mesas de apoio.

Matéria de Marcelo Segrini, artista plástico e designer de interiores

Fotos: Nelson Kon