Em francês, Triptyque. Em português, tríptico. O nome da obra de arte criada em três painéis, que na Idade Média inovou ao mostrar pluralidade de pontos de vista, inspirou três franceses e uma brasileira no batismo do escritório de arquitetura que montaram no Brasil, em 2000, seguido de filial em Paris. Desde então o escritório de arquitetura franco-brasileiro Triptyque, formado por Carolina Bueno e pelos franceses Greg Boudquet, Guillaume Sibaud e Olivier Raffaelli coleciona de prêmios, unindo criatividade e normas rígidas em projetos com foco na sustentabilidade e no prazer de viver.
Projetos
Uma casa galeria
Para um cliente especial, como Houssein Jarouche, dono da Micasa, loja paulista referência em design, somente um projeto único e super contemporâneo; missão que ficou a cargo do escritório de arquitetura franco-brasileiro Triptyque.
Neste apartamento de 300 m² não há divisões e sim compartilhamento de espaços integrados e multifuncionais em uma seqüência de salas; um convite a ocupações inesperadas. Para comportar o acervo do proprietário, que viaja quatro vezes por ano ao exterior e mantém um loft de 87 m² em Nova York, os arquitetos propuseram quase uma casa galeria recheada de arte, mas com elementos essenciais a uma residência como armários, banheira, cama e cozinha. Todos tratados de uma forma minimalista.
As paredes que não eram estruturais vieram abaixo. "O primeiro passo foi liberar o espaço, deixá-lo no osso e observar os potenciais. O segundo, estabelecer uma nova hierarquia privilegiando a fluidez. O terceiro, buscar e criar uma linguagem própria", explicaram os arquitetos.
Seguindo o conceito de tropicalização da artista francesa Dominique Gonzales-Foerster, "alguma coisa orgânica, intensa, sensorial, vegetal, pulsante, imatura, fora de controle", o projeto desta casa galeria privilegiou o uso do concreto bruto, assoalho em madeira de demolição e aço inox, mantendo as paredes num branco absoluto que valoriza o as peças e o mobiliário arrojados. A única exceção é o quarto principal, cujo tom escolhido foi o cinza chumbo, elemento íntimo e forte.
A cozinha, coração da casa, é uma grande pedra de concreto, ponto de encontro e articulação locada em posição central num diálogo direto com a estante monumental, a Treme-Treme. Essa estante, que abriga as coleções de Houssein, objetos de viagens, toys arts, livros, obras de arte e lembranças, abraça o núcleo técnico do prédio - elevadores, escada de serviço - e está presente em todos os espaços resumindo o conjunto da obra: a partir dela se faz a entrada do elevador para dentro do apartamento, como se entra numa caverna – da escuridão até a luz.
Transitando entre a funcionalidade e a arte, este apartamento é a materialização da idéia de design global. Nele, tudo - do layout à torneira - firma-se como uma proposta arquitetônica contemporânea, autoral e singular.
Matéria de Marcelo Segrini, artista plástico e designer de interiores
FICHA TÉCNICA
Localização: São Paulo / Brasil
Área: 300 m²
Ano: 2005/2006
Projeto de arquitetura: Triptyque
Fotos: Beto Consorte e Leonardo Finotti