Temperatura de cor: Intenção, Funcionalidade e Emoção.
Sabe quando você entra num lugar e está tudo certo, mas tá esquisito? Num restaurante lindo que não é aconchegante? A causa pode ser a iluminação. Por isso fomos atrás da equipe da Templuz e das Lighting Designers Júnia Carsalade e Flávia Bizzotto para saber a importância do uso correto da temperatura de cor das fontes luminosas.
A Iluminação é uma das mais poderosas ferramentas da Arquitetura e do Design de Interiores. Serve para comunicar, sinalizar, criar atmosfera e destacar. Valorizar um projeto e esconder imperfeições. Serve até aos apelos do Marketing, quer ver?
Quando der de cara com uma gôndola de frutas irresistíveis, olhe para cima. É quase certo que você irá encontrar uma AR70 realçando as cores. O biquíni (ou sunga) ficou um espetáculo no provador da loja e você comprou na hora? Repare na iluminação difusa embutida nas laterais do espelho eliminando sombras. E por aí vai...Mistura de Ciência e Arte, a Iluminação possui técnicas e fórmulas que quando bem empregadas fazem toda a diferença. Dominá-las é imprescindível.
Segundo Lorena Mattos, Gestora de Iluminação da Templuz, a Luminotecnia, ou Estudo da Iluminação, leva em consideração os projetos arquitetônico e de interiores, acabamentos, técnicas, medidas, cálculo, emoção, intenção, mas, principalmente, as atividades desenvolvidas no espaço. E nessa equação, uma das variantes é a temperatura de cor da fonte luminosa. É ela a responsável pela aparência da cor emitida.
Assim, num ambiente agradável, convidativo ou funcional, o que pode parecer apenas intuição e sensibilidade, na verdade não é. "São dados bem amarrados num cálculo luminotécnico feito por profissionais", explica Lorena. É fato que a temperatura de cor apenas não garante o objetivo, mas já é um bom começo. Aliada a outros fatores então, como por exemplo o IRC (Índice de Reprodução de Cor), contribuirá para aproximar bem ou conseguir o efeito desejado. Mas como garantir um bom projeto luminotécnico na Arquitetura e Interiores?
MUITO ALÉM DO QUENTE E FRIO
Em se tratando de Iluminação, é comum ouvirmos "mais quente" ou "mais fria". Tais termos se referem à tonalidade e não à temperatura da fonte luminosa. Convencionou-se chamar de "quente" a cor mais amarelada por causa do calor do Sol, e de "fria" a cor mais azulada relacionada ao frio do gelo. Interessante notar, porém, que fisicamente acontece exatamente o contrário: quanto mais alta a temperatura de uma cor em Kelvin - sua unidade de medida - mais azulada ela será e quanto mais baixa, mais amarelada.
ILUMINAÇÃO RESIDENCIAL
Em residências, a temperatura de cor para cada ambiente é pessoal e vai de acordo com o perfil do morador. É idoso? É jovem? Pessoas idosas tendem a gostar de ambientes com temperaturas de cor mais altas (brancas) e algumas das explicações são o envelhecimento da visão e a catarata que diminui o campo visual. Assim, a luz mais branca compensa a visão mais turva. Já os jovens geralmente preferem ambientes com luz mais tênue.
"A temperatura de cor tem influência direta no estado de espírito, no humor, nas emoções e no bem estar das pessoas. Combinando o tom certo da fonte luminosa com o ambiente, os resultados podem ser incríveis, conseguindo neutralizar inclusive a distorção de cores" explica a Lighting Designer Júnia Carsalade.
Uma curiosidade, no entanto, é que a percepção da luz é subjetiva. Pode-se verificar tal fato ao utilizar fontes luminosas de temperaturas de cor diferentes, mas com o mesmo pacote de luz. Nessa situação, às vezes, o usuário tem a sensação de que uma luz ilumina mais do que a outra, mas a Lighting Designer e professora Flávia Bizzotto explica. "Muitas pessoas acham que a luz branca 'ilumina mais' que a amarela. Isso é apenas um mito. O pacote de luz é exatamente o mesmo, o que muda é a sensação".
ILUMINAÇÃO: QUESTÃO DE SAÚDE
Outra curiosidade ligada à temperatura de cor das fontes diz respeito à saúde, mais precisamente ao ciclo circadiano; período de 24 horas sobre o qual se baseia o ciclo biológico dos seres vivos influenciado, entre outros, pela variação da luz. Nosso ciclo circadiano processa um ritmo de aproximadamente 12h de escuro absoluto e 12h ao longo do dia onde a luz varia entre 2.400K a 2.700K ao amanhecer, 5.000K ao meio dia, baixando novamente para luz quente ao anoitecer.
Se o cortisol, hormônio relacionado às atividades diárias, é produzido nas horas em que a luz do sol é 'branca', a baixa de temperatura de cor da luz ao cair da tarde estimula a produção da melatonina, hormônio responsável pelo relaxamento e regeneração do organismo. Ao entardecer, qualquer temperatura de cor acima dessas (como a luz emitida por TVs, computadores e celulares) interrompe esse ciclo e o corpo pode levar até duas horas para se adaptar de novo.
AMBIENTES COMERCIAIS E DE TRABALHO
Brincadeiras do biquíni e da sunga à parte, como fizemos algumas linhas acima ao citar a Iluminação como ferramenta de Marketing, em ambientes comerciais e de trabalho a correta especificação será definida de acordo com o segmento de atuação, pois a iluminação interfere diretamente na produtividade, nas vendas e na saúde de quem utiliza o espaço. Um sistema de iluminação inadequado pode, inclusive, produzir acidentes de trabalho.
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