O Design Daqui pra Frente
Millennials, New Craft, House of Games e Design Experiência: essas são as quatro tendências do morar sinalizadas pelos trendsetters, segundo Pedro Ariel que esteve na Linea D'Oro para falar sobre o assunto.
Interessante notar que para falar de decoração, Pedro, que é diretor de Conteúdo e Relacionamento da Casa Cor e curador oficial do Design Weekend SP, entrelaçou várias vertentes que a primeira vista não tem nada a ver com o tema: Afeto, Economia, Solidariedade. No decorrer da conversa, porém, ele mostrou que tudo isso está intimamente ligado ao novo conceito de viver e ao design. Ariel dividiu as principais grandes tendências dominantes daqui pra frente em quatro. São elas: Millennials, New Craft, House of Games e Design da Experiência.
MILLENNIALS
Formada pela geração nascida a partir dos anos 80, por jovens que cresceram sem guerras e em meio a grandes avanços tecnológicos, essa geração é voltada para o altruísmo e co-participação. Desponta daí designers como o artista chinês Ai Weiwei, o japonês Fumio Sasaki, o inglês Benjamin Hubert e o brasileiro Marcelo Rosenbaum.
AI WEIWEI
Ai Weiwei é designer, arquiteto, pintor, comentarista e ativista social. Ganhou visibilidade ao construir com o escritório suíço Herzog & de Meuron o Estádio Nacional de Pequim para os Jogos Olímpicos de 2008. É conhecido pelas polêmicas que se envolve e sua arte tem caráter político. Em suas obras recentes tem retratado o drama dos refugiados na Europa.
FUMIO SASAKI
Fumio Sasaki é adepto do movimento minimalista inspirado pelo Zen Budismo que ganha força no Japão. Esse movimento desafia o consumo exagerado e promete qualidade de vida partindo do princípio de que ter menos coisas poupa tempo, dinheiro e trabalho. Há dois anos Sasaki, que vive em Tóquio, adotou um estilo de vida frugal. Se você abrir seu armário encontrará: três camisas, quatro calças e quatro pares de meias (e alguns outros pouquíssimos objetos).
BENJAMIN HUBERT
Com o mote "Design da razão. Experiências com significado", o designer londrino Benjamin Hubert, que já criou móveis para a Moroso e Ligne Roset, fundou o estúdio Layer focado em projetos mais humanos. Hoje pesquisa novas tecnologias e materiais a serviço da qualidade de vida. Seu projeto UK Cancer Charities distribui gratuitamente um cofrinho de design que quando cheio deve ser enviado para a instituição indicada.
MARCELO ROSENBAUM
Se apropriar do design como ferramenta estética para geração de valor, assim nasceu o projeto A Gente Transforma de Marcelo Rosenbaum. Em 2012, Rosenbaum partiu para Várzea Queimada, no sertão do Piauí, iniciando uma empreitada multidisciplinar e uma imersão com os moradores locais que resultou na valorização de seu artesanato. Repetiu a dose com os índios Yawanawásno Acre.
NEW CRAFT
A segunda tendência é a New Craft, um diálogo entre o digital e as manufaturas para personalizar o design. Sua lógica é simples: como a tecnologia hoje está acessível a todos, voltar às raízes para personalizar é essencial. Entram aí a nova loja italiana Funky Table, Julien Vermeulen, Ilse Crawford e o designer Sérgio Matos.
FUNKY TABLE
Inaugurada em 2015 pelas irmãs Mariangela e Titti Negroni em Milão, a Funky Table reúne itens de diferentes países do mundo, resultado de pesquisa, tradição e artesanato.
JULIEN VERMEULEN
Como nas tradicionais maisons francesas do século passado, a casa Julien Vermeulen que trabalha para Chanel e Louis Vuitton, entre outras, desenvolve a arte da "Plumasserie" com técnicas refinadas.
ILSE CRAWFORD
Eleita a Designer do Ano pela Maison et Objet Paris em 2016, Ilse Crawford começou sua carreira como jornalista. Foi editora da ELLE Decoration UK. Em 2001 fundou o StudioIlse. Nele, cria espaços com identidade feitos com materiais naturais, formas aconchegantes e mobiliário vintage.
SÉRGIO MATOS
Para esse designer mato-grossense, mais que função o Design tem o poder de abrigar história, memória e laços afetivos. Assim nasce sua produção com essência na brasilidade, calcada na regionalidade e nas tradições.
HOUSE OF GAMES
Esta tendência sinaliza um retorno do barroco renovado, do estilo Dandi, com muito luxo, fantasia e uma boa dose de ironia. Faz referência ao jogo. Tabuleiros de xadrez, peões, dados, dominó, tarot; tudo é motivo para a diversão. Na decoração traduz-se no maximalismo alegre e elegante. Seus porta-vozes são Vincent Grégoire, François Bernard, Jacques Garcia, Blase e Oki Sato.
VINCENT GRÉGOIRE
Com olhar clínico, poder de análise e síntese Grégoire auxilia grandes marcas a "descriptografar" modismos e sociedade.
FRANÇOIS BERNARD
"Tendanceur" de Paris, François Bernard estudou línguas do Extremo Oriente, Sociologia, comportamentos e história da arte. Com sua expertise, dá conselhos de compra, projeta produtos e prevê evoluções em estilo. Este ano fez o Café e Bookstore House of Games na Maison et Objet em Paris.
JACQUES GARCIA
Jacque Garcia é arquiteto, designer de interiores e paisagista francês. Adepto do luxo representa o espírito House of Games. Levam sua assinatura os hotéis Mathis em Paris e NoMad em nova York.
BLASE
Este artista parisiense retorna às pinturas clássicas reeditando-as com ironia e um toque de diversão. Sua "Galeria de Monstros" traz pinturas tradicionais com elementos atípicos e inusitados.
OKI SATO
Fundador do Studio Nendo, Oki Sato faz parte da nova geração que não tem medo de experimentar. Sua loja Seibu Shibuya em Tóquio se apropria de elementos gráficos e lúdicos no mais puro espírito House of Games.
MULA PRETA
Este estúdio de design de produtos, fundado pelo designer André Gurgel e o arquiteto Felipe Bezerra em Natal, tem pegada na cultura Nordestina e suas peças são marcadas pela irreverência.
DESIGN EXPERIÊNCIA
Essa corrente incorpora projetos onde uma EXPERIÊNCIA de luxo vale mais que um PRODUTO de luxo. Entram aí viagens inesquecíveis, a arte de Marina Abramovic e os projetos interativos de Guto Requena.
MARINA ABRAMOVIC
A artista sérvia Marina Abramovic iniciou carreira nos anos 1970 e continua ativa. Artista performática, Marina usa seu corpo como plataforma e sua arte envolve relacionamento com a platéia e limites; físicos e emocionais.
GUTO REQUENA
O arquiteto paulista Guto Requena, à frente do escritório que leva seu nome, faz projetos conectados e interativos. Sua proposta é refletir sobre memória, cultura digital e poéticas narrativas em todas as escalas do design.
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