Nunca deixo de me surpreender com a criatividade dos profissionais e de seu olhar treinado para ver além quando estão diante de uma grande possibilidade. Por isso não me passaram despercebidos os suspiros, sussurros e exclamações que vi e ouvi ao visitar o casarão que abrigará a mostra este ano e que hoje se encontra no "osso".

O imóvel com três pavimentos - porão, sótão e jardins - faz parte da criação da cidade e integra o Conjunto Arquitetônico da Praça da Estação onde funcionou a Rede Ferroviária Federal S/A – RFFSA. A ideia é utilizar os quase quatro mil metros quadrados disponíveis para criar cerca de 40 ambientes.

Arquitetos, decoradores, designers e paisagistas que toparem a empreitada terão muito trabalho pela frente, mas podem ser recompensados. Maltratado pelos anos (e pelo descaso do poder público), o casarão que hoje se encontra em franca decadência preserva intocada a nobreza dos tempos áureos e do estilo neoclássico, com suas colunatas, sancas trabalhadas, generosas portas, janelas curvas e pés direitos altos, numa promessa explícita de ambientes que têm tudo para se tornarem memoráveis para quem souber honrá-los.

O piso, ora em madeira de lei como pinho de riga ora em ladrilhos hidráulicos autênticos, apresenta desenhos elaborados que passam pela tradicional espinha de peixe, quadrados modernos e marchetaria, num luxo feito por mestres artesãos que não se vê mais nos dias de hoje. Tudo ali respira dignidade e merece respeito e foram essas as sensações percebidas pelos primeiros visitantes e a causa de tantos suspiros, sussurros e exclamações, inclusive meus.

Trabalhar este casarão histórico será, sem dúvida, um grande desafio (guiado pela arquiteta Dú Leal que traçará as diretrizes no trato com o Patrimônio), o que só engrandece o trabalho dos profissionais envolvidos e aumenta a nossa expectativa.

FICHA TÉCNICA

O QUE: Casa Cor MG 2017

QUANDO: de 12 de agosto a 17 de setembro de 2017

ONDE: Endereço: Rua Sapucaí, 383 – Belo Horizonte – MG