"Meu nome é couro e meu sobrenome é madeira. Quero uma casa que misture vários estilos; do colonial brasileiro ao norte americano, com influências do clássico inglês e passando pelo rústico. E deve ter pouca luz, pois já vivo sob holofotes." Assim começou o briefing desse projeto cheio de personalidade para o cantor sertanejo famoso.

Para unir todas as demandas do artista, no caso o charmoso Victor Chaves da dupla Victor e Léo, que ainda incluíam sua paixão por pôquer e charutos, tarefa nada fácil e completamente diferente do modo atual de viver, os arquitetos Celeno Ivanovo e Luiz Henrique Ribeiro, do escritório 2Arquitetos, foram contratados. O apartamento de 230 m² no tradicional bairro Luxemburgo, criado para ser o pouso do cantor em suas estadas na capital mineira e onde ele pudesse reunir amigos, ganhou clima masculino e níveis baixos de iluminação.

A madeira entrou em cena. Revestiu piso, paredes e parte do teto resultando numa atmosfera rústica e neutra que serviu de base para a mistura de estilos que viria a seguir através do mobiliário, revestimentos e cortinas, além de absorver o máximo possível de luz. Dentro do mix solicitado, os arquitetos desenharam uma porta almofadada em tom azul colonial, lembrança que o proprietário trouxe da infância em fazendas. Já a cortina escolhida, de espesso gobelin, remete às salas de estar inglesas e palácios ao mesmo tempo em que apresenta alto índice da absorção de ruídos e de luz, contribuindo para a atmosfera pedida; intimista, acolhedora e silenciosa.

Integrada à sala, a varanda é o ponto alto do projeto. Além da espetacular vista da Serra do Curral, se tornou a parte da casa mais utilizada com a mesa de pôquer. Para atender o proprietário (que já venceu campeonatos profissionais) e os amigos que se reúnem aí, toda uma estrutura foi montada e o balcão azul marinho neste ambiente abriga aparelhos como umidor de charutos, cervejeira, adega climatizada e balcão frigorífico com acabamento em cobre. Há também gavetas para as fichas do jogo e um pequeno bar com destilados, como uísque e vodka.

No lavabo dá-se seqüência ao clima: bancada de mesa antiga, cuba de cobre, papel de parede floral e torneira de demolição. No home theater, além do aparador em azul colonial, como a porta de entrada, uma divisória em palhinha ouro isola discretamente a área de caráter mais íntimo. Um confortável sofá em linho e penas de ganso é um convite ao ócio. A escolha do mobiliário atendeu o gosto do cliente que optou por mesa de jantar e cadeiras típicas do colonial norte-americano e sofá estilo inglês Chesterfield de couro, sobre tapete Aubusson.

Fotos: Daniel Mansur