Aláfia, um pequeno notável
Pequeno? Só no tamanho. Esse apartamento de 70 m², bem localizado em Brasília, tem muita história para contar. Os proprietários são um jovem casal, viajado e cheio de personalidade; admiradores da arquitetura modernista, que prezam pelo essencial.
Batizado de Aláfia, nome ligado ao candomblé, este apê de traços retos, simples e marcantes ganhou, através do projeto de reforma e decoração assinado pela arquiteta Clarice Semerene, em cada pedacinho o reflexo do gosto e das memórias da dupla e suas inúmeras viagens para destinos diferentes ou exóticos, como os países africanos visitados diversas vezes. A planta original do apê apresentava três quartos, um único e amplo banheiro e uma cozinha pequena e pouco prática. A área de serviço possuía uma vedação em cobogó semifechado, bloqueando parte da circulação do ar e da luz.
Na reforma, a arquiteta propôs eliminar paredes, ampliar espaços e retirar barreiras para valorizar e integrar as áreas de convívio, aumentando a ventilação cruzada e a iluminação. Dessa forma, o terceiro quarto se tornou a sala de jantar, voltada para a cozinha e ligada à sala de estar, criando um ambiente quase único, fluido e agradável.
O segundo quarto, por sua vez, se tornou reversível e completa os espaços: tanto serve com privacidade a hóspedes, quanto atende e amplia a sala de jantar, se necessário, através da abertura de suas portas de vidro e ferro. Um banheiro com ares de lavabo também foi criado logo na entrada do apartamento, enquanto o outro serve o quarto do casal. A cozinha ganhou destaque e passou a ocupar o que era a antiga área de serviço, se tornando muito mais espaçosa, elegante e acolhedora com seus armários azul candy e ladrilho hidráulico no balcão e no piso que se prolonga em pequenos detalhes do estar trazendo modernidade e ao mesmo tempo ares de cozinha de avó.
COBOGÓ E REVESTIMENTOS NATURAIS
O cobogó, antes escondido (na minha opinião, um pecado!), virou protagonista exibindo todo o seu glamour à la Anos 50. A área de serviço foi deslocada para liberá-lo, mas manteve a metragem e ventilação. A arquiteta procurou utilizar em todo o apartamento revestimentos naturais que acompanhassem a suavidade da proposta tais como a madeira no piso, o tijolo pintado de branco em algumas paredes e o cimentado no forro, finalizado em arcos bem leves numa sutil alusão à arquitetura marroquina.
Entre os objetos de decoração, destaque para o conjunto de máscaras trazidas da África que cresce a cada viagem. Elas estão dispostas na estante de madeira e ferro, desenhada especialmente para a sala de estar com seus espaços frutos de diversas experiências; e suas lacunas para o novo que insiste em chegar.
Fotos: Joana França
FICHA TÉCNICA
Arquitetura : Clarice Semerene
Área: 70 m²
Asa Sul, Brasília
Equipe: Helkem Araújo
Fotos: Joana França
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